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Influências localização e historias a origem da memória, como começou o auge do carnaval de JF.

 

por Samuel Fontainha

O carnaval se mantém pelo grito dos foliões nas ruas e a magia das escolas de Samba a noite, coisa que jf não tem testemunhado nos últimos anos.   

 

A definição de carnaval para muitos é: ​período anual de festas profanas, originadas na Antiguidade recuperadas pelo cristianismo, e que começava no dia de Reis e acabava na Quarta-Feira de Cinzas, às vésperas da Quaresma Festejos populares provenientes de ritos e costumes pagãos, caracterizavam-se pela liberdade de expressão e movimento. Porém parece estar longe de muitos de dos governantes é o lado cultural do carnaval. ​No Brasil, o carnaval deriva da mistura das culturas africanas, indígenas e europeias. São quatro dias de festa que mostra ao mundo as culturas de cada região e a história cultural do país através de fantasias, desfiles, enredos etc.


O esquecimento do lado cultural fez juiz de fora dos últimos quatro carnavais três sem desfiles das agremiações(2016,2018,2019) segundo a prefeitura por falta de verba. A crise econômica além de ter assustado todo Brasil fez juiz de fora esquecer que investimento em cultura também é importante para todos, sendo assim nem as escolas de samba, nem a população questionam ou cobram um mínimo de empenho da prefeitura para realizar o maior grito cultural do país, acostumando-se todos a ter apenas os blocos de rua e as todas agremiações tendo apenas um encontro geral no centro da cidade espremidos em uma praça e carnaval fora de época. A Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage - Funalfa, responsável pela política cultural do município e preservar espaços e
memórias culturais de juiz de fora também não se posiciona sobre o assunto desde os dois últimos carnavais.
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Ainda sim temos blocos que continuam suas tradições todos os anos tentado manter a importância dos blocos de rua e a importância dos desfiles ao mesmo tempo, ainda sim de forma reduzida ( em todos os sentidos). Com tanta falta de interesse: o que será do que restou do carnaval de juiz de fora, e principalmente o que aconteceu com as quadras das escolas de sambas (se elas ainda existirem) e todo o trabalho duro que tinham para manter o carnaval na cidade ano a ano?
fontes: wikiquote.com/carnval        

            construirnoticias.com  

Escolas que foram referência nos anos 90 sofrem com o fim dos desfiles e com a interdição

 

por Samuel Fontainha

Não é novidade para ninguém que os desfiles das agremiações do carnaval de Juiz de Fora não acontecem á 3 dos 4 últimos carnavais. Porém, pesquisando um pouco mais podemos perceber que a decadência da maior festa cultural do país, em Juiz de Fora, é cada vez maior, grandes escolas de samba da cidade que, segundo registros da biblioteca municipal, já sofreram com o mesmo problema, em 1990, igual ao motivo anterior (em 1991, 1992, 1993 não há registro de desfiles com as campeãs). Na época, não chegou a ser cancelado os desfiles, pois grandes parte das escolas de samba conseguiram recursos de empresários para manter os desfiles, mas três escolas na época deixaram de desfilar e foram rebaixadas, essas agremiações ainda hoje fazem parte do carnaval e ainda continuam sendo referência, como Acadêmicos do Manoel Honório e Turunas do Riachuelo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hoje, essas e outras escolas de samba que marcaram essa década, além de sofrerem de novo por esse motivo foram, ou ainda estão, interditadas desde 2013, são elas: Juventude Imperial, Vale do Paraibuna, Rivais da Primavera, Mocidade Independente do Progresso, Real Grandeza e Acadêmicos do Manoel Honório. Não obtivemos retorno da Funalfa sobre esse assunto para saber em que situação estão as quadras. João Batista Santana da Silva, mestre de bateria e ritmista de escolas de samba conhecidas aqui de JF, como Ladeira e Mocidade Alegre do São Mateus,nos conta em entrevista que as escolas de samba têm feito eventos e shows por fora para manter os custos e relembra o auge do carnaval da cidade.

João Batista: após a falta de desfiles em Juiz de Fora, Mocidade Alegre estava sempre fazendo evento em sua quadra  como o dia Nacional do Samba, festa com samba para a comunidade. A Bateria da Mocidade Alegre foi a  primeira a fazer uma apresentação no Cultural Bar e na falta  dos desfiles fizemos muitos apresentações para os Blocos que desfilavam no Corredor da Folia, que é o carnaval antecipado de Juiz de Fora.

João Batista: As décadas  de 1980 a 1990  era uma época maravilhosa.  A avenida Rio Branco,  onde era feito os desfiles, que na época era 4 dias  de desfiles, ficava sempre cheia. Tínhamos mais de 12 agremiações na cidade, dividida em 2 grupos, primeiro grupo e segundo grupo, é com ás Domésticas de Luxo abrindo os desfiles do primeiro grupo, que era no domingo. Os dias dos desfiles era sábado e segunda-feira,  o segundo grupo, e domingo e terça-feira, o primeiro grupo, com a Domésticas de Luxo, que era a sensação de Juiz de Fora

João Batista: A minha principal referência de carnaval é que eu fiz centenas de amizades.

 

Referências:

Biblioteca Municipal de Juiz de Fora

Blog Maurício resgatando o passado a história de Juiz de Fora

Batuques do gueto que não incomodam mais

 

por Samuel Fontainha

Há algumas semanas, passando pelo campus da universidade em que estudo, percebi um grupo de alunos de outros cursos montando uma bateria e ensaiando igual a uma escola de samba. Desde então, sempre me bate a dúvida em saber por que formaram uma bateria? Tempos depois, recebi o convite de alunos do meu curso para formarmos justamente uma bateria, conversando com eles me dei conta que a resposta esteve na minha frente o tempo todo.


Seja nas arquibancadas do sambódromo ou nas ruas, no meio de milhares de foliões, o que mais se destaca é a bateria, com a força da sua cadência que se torna única, o seu ritmo forte e marcante é responsável por fazer o espetáculo acontecer e evoluir; os instrumentos de percussão, o surdo, tamborim, prato, repique, chocalho, caixa de guerra, cuíca, agogô, reco-reco, pandeiro e triângulo, criados por escravos ou surgidos nos guetos, e que fazem parte de várias culturas, andam sempre em harmonia e afinados através do mestre de bateria, encantando e animando os integrantes e a todos que estão por perto, seja nos camarotes mais caros ou nas ruas, com os foliões descalços. A prova dessa importância é a severidade e os critérios avaliados pelos juízes que vão desde a criatividade e a inovação (como as famosas paradinhas), até a manutenção dos instrumentos.


Lembrando tudo isso que relatei, também me lembrei quando passava pelo grupo ensaiando e percebia que tinha um ou outro se deixando levar pelas batidas do ensaio, dançando contidamente por conta do local onde estavam. Foi fácil perceber, assim, como aquele pessoal queria formar uma bateria pela sua maior e mais forte característica, os ritmos que mais animam uma multidão, animariam os jogos do time e assim como os blocos, quem sabe, futuramente, sair festejando pelas ruas de Juiz de Fora.

O novo falando de um velho sobre confetes

 

por Samuel Fontainha

Passam-se os carnavais e sempre escuto familiares dizendo: carnaval bom é carnaval da minha época. Esse bloco era bom no meu tempo, isso sim era bloco. Depois de passar pela fase onde achava que tudo isso “era chatice de gente velha”, me despertou o interesse em saber o que diferencia os carnavais passados dos carnavais atuais, além da segurança em sair para rua, claro.


Encontro uma nítida diferença no que me era falado ao pesquisar em jornais e Revistas antigas, e conversar mais com pessoas que vivem ou viram o carnaval intensamente. O carnaval daqueles anos estava no auge da sua essência, os carnavalescos iam sempre atrás de assuntos na biblioteca municipal para reverenciar as histórias de Juiz de Fora, os blocos viviam seu auge, sempre mostrando o que mais de importante acontece e aconteceu em suas raízes.


Não conheço ninguém de mais idade que não tenha as batalhas de confete onde as escolas apresentavam seus sambas de improviso, ou os concursos de samba enredo como um marco nas suas vidas, além de eternas lembranças e histórias que mudaram seus caminhos. Quem vive os carnaval atual, com maior valorização dos camarotes, das celebridades e dos luxos. Não dificilmente entenderá que, naquela época, só queriam saber de ocupar ruas e mais ruas, independente de onde estivessem, sempre ressaltando de onde vieram, sem se importar pelo menos por um momento com as diferenças. Ainda sim, não podemos negar que até hoje, essa grande festa tem uma importância cultural e histórica gigante, mas, olhando tudo isso, só me vem à cabeça o que meus familiares sempre dizem: o carnaval de juiz de fora “acabou”, vivemos uma época, onde os blocos passam por duas ou três avenidas, com pouco tempo e as escolas de samba, que estão sem investimentos, não sabem por quanto tempo vão existir.

Resenha sobre: O negro nas narrativas das escolas de samba cariocas: um estudo de Kizomba (1988), Orfeu (1998), Candaces (2007) e Angola (2012).

Dissertação de mestrado da faculdade de comunicação da UFJF (universidade federal de juiz de fora) autor: Rafael Otávio Dias

 

por Samuel Fontainha

A dissertação de mestrado tem como foco falar da importância do Negro no carnaval em todos os sentidos, começa explicando o significado mais conhecido assim como suas origens e fazendo uma análise de ambos os aspectos. Nessa pesquisa além de nos mostrar o papel significativo da população negra antes mesmo das festas carnavalescas ser considerado o que é hoje; o autor também faz um breve relato sobre as festas populares Greco-romanas e mesopotâmicas, mostrando que uns dos maiores movimentos culturais do país também herdou uma das suas maiores características, a mistura, pois percebemos lendo o texto o quanto o carnaval brasileiro tem um pouco de cada um dessas festas antigas. O autor ainda fala como o carnaval era usado como “escapatória”, pois o tempo alegre do carnaval segundo outros autores que ele cita como Bakhtin mostra que o tempo alegre das festividades não é alheio às questões de terror e sofrimento.


Encontramos ainda na dissertação a característica do elemento material nesse período como a máscara que nesse ponto de vista é usado para “rebaixar” o superior, quando se usa uma máscara todos são comuns, todos estão próximos da terra como diz o autor. Trazendo os fins da festa carnavalesca como igualdade, universalidade, liberdade. E o elemento corporal que caracteriza a festa como “mundana”, bem como vemos também outros aspectos que ele denomina exclusivamente brasileiro e fazem parte da construção do carnaval de hoje, (os bailes, marchinhas, blocos, escolas de samba entre outros), ambas as origens dessas propriedades tem participação da população negra.


Os primeiros sambas enredo assim como as grandes personalidades que impulsionaram o carnaval, e trouxeram grandes mudanças para essa festa (como sambódromo, estrutura dos desfiles, bateria etc.) que é clamado pela elite branca hoje, carrega á história do negro e da periferia. Através da narrativa da memória no trauma da escravidão; o autor mostra como essa perspectiva se construiu baseado na história do processo escravizador do negro no Brasil, o trauma dos negros, bem como suas consequências, e a permanência dos seus sintomas na sociedade brasileira contemporânea, são como dito no texto. Para explicar e analisar essa parte da dissertação o autor cita uma fala de Andreas Huyssen “a memória é considerada crucial para coesão social e cultural da sociedade. Todos os tipos de identidade dependem dela”. E fala o quão a memória da construção do carnaval é importante para os discursos e os conflitos atuais. Por outro lado temos um “excesso de memória que leva a uma repetição”, levando ao esquecimento da memória nos mínimos detalhes, pois nesse caso só interessa as os grandes fatos, e trás uma perda para formação cultural das pessoas e também uma perda de certa forma na valorização que deveríamos dar a história do povo negro no Brasil, bem como sua cultura.

Pois temos toda a contribuição cultural na construção do carnaval como é repetido intencionalmente para sempre reforçar e ver como é importante, além dos vínculos afro-brasileiros que ajudou a formar a identidade brasileira que o mundo conhece ao contrário é bem lembrado por ele, que a sociedade tem uma visão de deturpada de desconfiança, repleta de estereótipos, preconceitos e simplificações.


A NARRATIVA ENCENADA. Vemos nessa dissertação como o carnaval com a mistura de música, dança, encenação, e artes plásticas se tornou um espaço poderoso de comunicação. Ao mesmo tempo o protagonismo do carnaval carioca, com os enredos negros virou produto do país. Como é dito a narrativa é um recurso que permite o homem compreender a vida e o espaço em que vive, e no carnaval isso significa entender nossa real cultura, valorizar nossas raízes, dar voz a diversos grupos. Estaria aí mais um grande motivo para considerar o carnaval, grande símbolo cultural. Nessa perspectiva temos a grande importância do enredo, pois como ele detalhadamente sua estrutura, definida por ele como exposição, complicação, clímax e desfecho é responsável por apresentar e fazer o público entender tudo que o desfile quer mostrar.

 

Para fechar o autor descreve a mudança radical que os desfiles sofrem a partir dos anos 80, e partindo desse ponto faz análise de quatro sambas enredo com temáticas afro-brasileiras, um por década (vila Isabel 1988 “Kizomba festa da raça”, Viradouro 1998 “Orfeu o negro do carnaval”, Salgueiro 2007 “candaces” e Vila Isabel 2012 “você semba lá... que eu sambo cá! O canto livre da Angola”). O estudo foi feito através de vídeos da transmissão da rede globo de televisão, enredos e sinopses. Percebeu-se que ambas as escolas encarnaram os temas em seus respectivos anos, pois não tiveram um bom resultado em anos anteriores, e todas elas foram campeãs com esses enredos que ele analisa. Todos esses desfiles trouxeram ao Máximo a essência do carnaval com suas influências afro-brasileiras. "Em Kizomba, Zumbi encarna as ideias do enredo-manifesto. Suas ações servem como espelho, mas não há preocupação com o efeito de causa-consequência de suas ações para que a trama se desenrole. Orfeu poderia comportar a estrutura clássica da narrativa, não fosse eu caráter onírico e a imersão de um enredo dentro do outro. Candaces dentro da narrativa possui micro-narrativas dando espaço aos pequenos relatos que sempre são esquecidos com a ideia de priorizar o herói”. A mesma coisa acontece com Angola, o enredo busca mostrar não os pequenos relatos, mas também a semelhança das pequenas história da Angola e das pequenas histórias do Brasil. Terminando dessa forma mostra tudo que sabemos sobre o carnaval de outro ponto de vista e com outra valorização, da história negra e da cultura afro-brasileira.

Dica de álbum de samba para o Especial de Cultura da Rádio Facom

por Samuel Fontainha

CD's Ponto de Samba - Resenha de Samuel Fontainha
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Influências localização e histórias a origem da memória, como começou o auge do carnaval de JF

 

por Samuel Fontainha

O carnaval de Juiz de Fora no século XX já foi considerado, por muitos, referencia nacional. Já destaquei aqui no blog, várias vezes, o auge das escolas de samba que influenciaram a região em vários aspectos, como músicas, cultura, economia etc.). Mas como a cidade chegou a ter esse reconhecimento?

 

Os primórdios

 

Desde o surgimento do povoado de Santo Antônio do Paraibuna, em 1820, a forma de se brincar o Carnaval no Brasil foi agregada pelos moradores desta região. O tradicional Entrudo, prática trazida pelos colonizadores portugueses, animava os foliões. Nas palavras do escritor juiz-forano Pedro Nava “(…) mas o bom mesmo era o entrudo. Havia instrumentos aperfeiçoados para jogar água (…) que, quando apertados, deixavam sair um delicado esguicho de água perfumada (…). Havia os revólveres – seringas que imitavam forma de água – cano metálico e o cabo de borracha que se apertavam, apontando quem se queria molhar. Os limões de todos os tamanhos e cores que eram preparados com semana de antecedência e em enorme quantidade. Continham água-de-cheiro, água pura, água colorida, mas os que nos caiam da sacada do Barão vinham cheiros de água suja, de tinta, de mijo podre (…).” (Revista Em Voga, 1989 – citação de Pedro Nava em 1907).

Como descrito na citação de Nava, a manifestação do Entrudo em Juiz de Fora tinha seu caráter de mau gosto com algumas brincadeiras hostis, mas, ainda assim, não chegava a apresentar o grau de violência encontrado, por exemplo, no Rio de Janeiro. Muito criticado pela mídia crescente, “(…) em 1889, o jornal local O Farol noticiava o fim do entrudo em Juiz de Fora.” (COIMBRA, 1994).

Também no ano de 1889, foi criado o clube dos Valapuquistas, primeiro clube de grande sociedade, que se apresentou no mesmo ano com cinco carros abertos, em um ousado corso para a época. Tal prática que terá seu auge nos anos de 1930 e parte dos anos 1940 consistia em “(…) carros conversíveis (de capota dobrável ou removível), em fila única e marcha lenta, um quase colado ao outro, formava um imenso cortejo que circulava durante horas e horas pelas ruas centrais, praticamente amarrados uns aos outros por coloridas pontes de serpentinas – e ocupados por blocos de foliões fantasiados, que cantavam os sucessos do ano (…).” (Revista Em Voga, 1989). Como temas para o desfile do corso, as grandes sociedades faziam alusão aos problemas da época, dotando o desfile de um cunho social.

 

Desenvolvimento
 

Ao final da década de 1930, até a década de 1960, pode-se dizer que o auge do Carnaval mudou de foco e a festa nos clubes pairou sobre Juiz de Fora. Além dos tradicionais Club Juiz de Fora, Sport, Clube Bom Pastor e Dom Pedro II, os bailes carnavalescos se expandiam para todo o lado, incluindo o Clube dos Planetas, dos Grafos, do Elite, Tupinambás, Tupi, Associação do Empregados do Comércio e o Círculo Militar.

Junto ao surgimento dos clubes das grandes sociedades, aparecem os ranchos, cordões e blocos, organizados pelas classes populares. Algumas dessas agremiações carnavalescas se tornaram tão tradicionais na cidade que são lembradas até hoje. Do início do século, vale destacar os ranchos: “Quem são eles?” – ligado ao Tupinambás, e os “Rouxinóis” – filial do Tupi. Outros blocos importantes são: “Zebu Chorou Tá no Laço”, o “Não Venhas Assim”, “Boi da Manta”, “Amargosos”, “Picaretas”, “Não Tem que Achar Ruim”, “Miss Jonas”, “Aventureiros”, “Caprichosos da Folia” e “Quem pode, pode”. “O carnaval de rua cresce em importância e as agremiações existentes se tornam pequenas e impróprias para abrigar os foliões, tanto quantitativamente quanto qualitativamente”.

Em entrevista ao blog, o professor da Faculdade de Comunicação da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), Rodrigo Barbosa, que vivenciou e posteriormente estudou o carnaval do município, conta como a região recebeu influência de outro estado, também do papel da população, para essa construção: “O carnaval de Juiz de Fora tem uma raiz histórica muito importante, a cidade tem uma força operária muito grande, pioneira na industrialização, portanto com muitos operários, no município a população negra sempre foi percentualmente maior do que a média da região Sudeste e Sul do Brasil. E esse conjunto de fatores associados com a proximidade ao Rio de Janeiro, trouxe, já no começo do século XX, um movimento muito grande resulta na ideia da escola de samba, como núcleo, para unir pessoas em regiões de JF em torno do carnaval. Não é a toa que a agremiação mais antiga Turunas do Riachuelo, é também a quarta escola de samba mais antiga do país. Junto a esses fatores vieram, os grandes compositores de música popular. Então, naquela época o carnaval acontecia o ano inteiro, muito além, dos quatro dias de folia os nomes dos grandes da música popular de Juiz de Fora são do samba”.

No final dos anos 1960, e meados dos anos 1970, houve uma um aumento da classe média, indo para escolas de samba e os blocos de carnaval. Com isso injetou- se recursos, nos quatro dias de folia e nos ensaios que antecederam essa época, além de um maior interesse e participação do poder público, mais precisamente em 1966, com o primeiro desfile oficial, organizado pela prefeitura. Isso permitiu que nos anos 70, o carnaval da cidade tivesse uma importância nacional. Como nos diz Rodrigo Barbosa: “A cidade inteira e moradores de outros lugares, se movimentavam em torno do carnaval de JF naquela época (anos 70), além disso gerava-se muito emprego, pois a demanda por pessoas que faziam fantasia e carros alegóricos era muito grande”.

Já os blocos de carnaval em JF, sempre foi conhecido por valorizar o cenário cultural de juiz-forano. E temos aqueles que é tradicional na cidade, como a Banda Daki. Que nasceu por iniciativa de uma turma de amigos, inspirada na Banda de Ipanema, e desfilou pela primeira vez em 1972, no Largo do São Roque. Eles queriam criar uma programação para a manhã de sábado, porque a cidade tinha eventos entre domingo e terça-feira. A tradição da banda são foliões fantasiados de forma livre que desfilam ao som de músicas variadas do carnaval. Em 2004, a Banda Daki ganhou o título de patrimônio cultural do município.

E temos também o bloco do beco. “No bar do Brega surgiu a música “Beco do Balthazar”. Da música surgiu o “Bloco do Beco” e do bloco o “Bar do Beco. Esta é a forma simplificada e modesta que o compositor Armando Aguiar, o “Mamão” encontrou para resumir o Beco, em seu depoimento no livro “Assuntos de Vento”, de Márcio Itaboray, lançado em 2001. É muito pouco e está muito longe de traduzir aquele que foi (e, incrivelmente, continua sendo) um dos mais expressivos movimentos culturais que Juiz de Fora vivenciou. Estávamos em 1974 quando o Brega’s Bar, depois Sonoros Bar, virou Bar do Beco. Seria apenas mais um dos incontáveis botequins das galerias de Juiz de Fora se não fosse habitado pela genialidade e pelo espírito de liderança do Mamão, o mais importante e talentoso compositor de samba da história da cidade e, como se não bastasse, um incansável agitador cultural, inquieto e criativo”, nos conta Rodrigo.

entre milhares de histórias, e influências temos agora, a noção de como o carnaval de Juiz de fora é “filho” do carnaval carioca. Indo além é importante registrar essas histórias, pois além da construção, da cidade Juiz de Fora, é a parte ou se duvidar grande parte da construção do Juiz-forano.

 

Fontes:  oestandarte.com.br

               rotadosamba.com.br

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